Norma nº 022/2015 de 16/12/2015 - “Feixe de Intervenções” de Prevenção de Infeção Relacionada com Cateter Venoso Central
1. Têm de ser implementadas de forma integrada, as seguintes intervenções no momento da colocação do cateter venoso central:
a) Avaliar a necessidade de colocar cateter venoso central, registar a razão da sua necessidade e, em caso afirmativo, selecionar cateter venoso central com número mínimo de lumens adequado à situação do doente;
b) Realizar preparação pré-cirúrgica das mãos e precauções de barreira máximas (bata estéril, luvas estéreis, touca e máscara) por operador, ajudantes e todos os circunstantes ao procedimento de colocação de cateter venoso central, num raio de 2 metros:
i. Higiene das mãos com solução antisséptica de base alcoólica para palpar local de introdução antes da descontaminação da pele;
ii. Preparação cirúrgica de mãos e antebraços de operador e ajudantes;
iii. Técnica assética durante introdução, com luvas e bata ”total” estéreis, touca e máscara.
c) Realizar antissepsia da pele do doente com cloro-hexidina a 2% em álcool, antes da colocação do cateter venoso central:
i. Fricção durante, pelo menos, 30 segundos; deixar secar durante 30 segundos, em locais secos, e 2 minutos, em locais húmidos.
d) Usar campo cirúrgico que cubra totalidade da superfície corporal do doente;
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f) Utilizar técnica asséptica na realização do penso:
i. Garantir local de introdução limpo e sem sangue;
ii. Usar máscara, luvas esterilizadas e campo esterilizado para suporte de material de penso;
iii. Usar “kit de penso”;
iv. Usar cloro-hexidina a 2% em álcool;
v. Datar o penso.
2. Têm de ser implementadas de forma integrada, as seguintes intervenções na manutenção do cateter venoso central:
a) Avaliar diariamente a necessidade de manter o cateter venoso central;
b) Realizar higiene das mãos com água e sabão de pH neutro seguido de fricção com solução antissética de base alcoólica antes de manusear o cateter venoso central;
c) Descontaminar as conexões com cloro-hexidina a 2% em álcool ou álcool a 70º antes de qualquer manuseamento local:
i. Descontaminar os pontos de acesso dos sistemas e prolongadores (obturador, torneiras de três vias, etc), por fricção com cloro-hexidina a 2% em álcool ou álcool a 70º, durante 10 a 15 segundos e deixar secar, antes de conectar qualquer dispositivo estéril.
d) Mudar penso com periodicidade adequada e utilizando técnica assética:
i. Para realização de penso:
(i). Garantir orifício de inserção limpo e sem sangue;
(ii). Usar máscara, luvas esterilizadas e campo esterilizado para suporte de material de penso;
(iii). Usar “kit de penso”;
(iv). Usar cloro-hexidina a 2% em álcool na antissepsia da pele;
(v). Datar o penso.
ii. Em relação ao momento de mudança de penso:
(i) Mudar penso sempre que se verifique uma destas condições:
a. Penso visivelmente sujo, com sangue ou descolado da pele;
b. 48 Horas após a sua realização, se penso com compressa;
c. 7 Dias após a sua realização, se penso transparente.
Alguns documentos de suporte e leitura recomendada
Norma nº 022/2015 de 16/12/2015 “Feixe de Intervenções” de Prevenção de Infeção Relacionada com Cateter Venoso Central
epic3: National Evidence-Based Guidelines for Preventing Healthcare-Associated Infections in NHS Hospitals in England
Nursing Care of Central Venous Catheters in Adult Intensive Care
Nursing Studies about Central Venous Catheter Care: A Literature Review and Recommendations for Clinical Practice
Prevention of central venous catheter-related infection in the intensive care unit
Recomendações básicas e exemplo de sistema adequado



(1) - Manter o local de inserção visível e sem sangue. Caso seja necessário colocar compressa inicialmente para absorver pequenas drenagens de sangue, trocar assim que possível.
(2) - Manter todas as vias desclampadas para permitir a pressão positiva. Optimizá-las segundo o protocolo do serviço e de acordo com a situação, mas clampar apenas por curtos periodos (colher sangue por exemplo).
(3) - Utilizar válvulas anti-refluxo (mantém pressão positiva e permitem conexão de qualquer sistema standard, ao contrário das fornecidas nos "kits" frequentemente disponibilizados), excepto quando necessário fluxo bidirecional (medição de PVC por exemplo ou colheita de sangue). Nunca manipular o sistema nesta localização a não ser que seja estritamente necessário (proximidade ao vaso central - alto risco de infeção).
(4) - Utilizar a primeira torneira de três vias apenas em situações de emergência (administração de adrenalina por exemplo). Colocar esta torneira na via da soroterapia e bólus. Nunca colocar perfusões nesta via.
(5) - Utilizar prolongadores em todas as vias em uso para afastar os locais de manipulação do sistema e manter as torneiras afastadas da cama. Utilizar tubos de grande diâmetro na via da soroterapia e estreitos na via das aminas. Esta não é uma recomendação formal, mas caso exista contaminação, a mesma encontra-se a um metro do CVC. Na via das aminas, em utentes agudos e instaveis com necessidades de início imediato de perfusão ou alterações frequentes de débitos pode suprimir-se o prolongador. Pode ser útil utilizar um sistema opaco na via das aminas para a sinalizar, mesmo que não seja necessária a proteção da luz.
(6) - Não colocar torneiras de três vias "extra" na via das aminas. Diminui a probabilidade de erro e administração acidental de um bólus em cima de grandes doses de aminas.
(7) - Utilizar preferencialmente uma "rampa" de tamanho adequado (3 ou 5 vias) na via da soroterapia e não várias torneiras conectadas (risco de desconexão e manipulação desnecessária). Todos os bólus em seringa ou perfusão devem ser administrados nesta rampa. Manter a rampa fora da cama sempre que possível e num local de fácil descontaminação e acesso à solução alcoólica utilizada.